19.5.07

Minh'alma é a Princesa Desalento,

Como um Poeta lhe chamou, um dia.

É magoada, e pálida, e sombria,

Como soluços trágicos do vento!

É fágil como o sonho dum momento;

Soturna como preces de agonia,

Vive do riso duma boca fria:

Minh'alma é a Princesa Desalento...

Altas horas da noite ela vagueia...

E ao luar suavíssimo, que anseia,

Põe-se a falar de tanta coisa morta!

O luar ouve minhalma, ajoelhado,

E vai traçar, fantástico e gelado,

A sombra duma cruz à tua porta...

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses todo nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...
Florbela Espanca
I Bereth, nîn Mor Heryn... Im meleth le

3 comentários:

Pequenina disse...

olha a Dama de preto :)
*

Anónimo disse...

Dia dhuit


Eu sou aquela de quem tu tens saudade, a Princesa do conto "Era uma vez..."


Taim i'ngra leat

Anónimo disse...

Tao Bonitoo =)